
O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um processo clínico baseado na observação do comportamento e na análise do desenvolvimento da criança. Ele deve ser realizado por profissionais especializados, como pediatras, terapeutas, neuropediatras e/ou psiquiatras infantis . Diferente de algumas condições médicas que podem ser identificadas por exames laboratoriais ou de imagem, o TEA é diagnosticado a partir de critérios clínicos estabelecidos.
A avaliação é cuidadosa e envolve diferentes etapas para garantir um diagnóstico preciso. Entre os principais métodos utilizados, destacam-se:
1) Observação do comportamento
Os profissionais analisam atentamente como a criança se comporta em diversas situações, especialmente no que diz respeito a:
Interação social: A criança demonstra interesse em interagir com outras pessoas? Responde ao chamado pelo nome? Mantém contato visual? Consegue brincar ou compartilhar momentos com outras crianças?
Comunicação verbal e não verbal: A criança aponta para o que deseja? Usa gestos para se expressar? Repete palavras ou frases sem contexto? Tem dificuldades na fala ou no entendimento da linguagem?
Brincadeiras e interesses: O tipo de brincadeira da criança é funcional e criativo ou se restringe a padrões repetitivos? Ela demonstra fixação intensa por determinados objetos ou temas? Possui dificuldades para lidar com mudanças na rotina?
Essa observação pode ocorrer durante a consulta ou ao longo de um acompanhamento mais prolongado, dependendo de cada caso.
2) Análise do histórico de desenvolvimento
Além da observação direta, é essencial compreender o desenvolvimento da criança desde a gestação. Para isso, os profissionais conversam com os pais ou cuidadores sobre aspectos como:
a) Marcos do desenvolvimento (como idade em que começou a engatinhar, andar e falar);
b) Comportamentos desde os primeiros meses de vida (responde aos estímulos? Sorri quando interagem com ela?);
c) Possíveis dificuldades de alimentação, sono ou sensibilidade sensorial (rejeição a certos sons, texturas ou cheiros);
d) Presença de regressão no desenvolvimento (se a criança perdeu habilidades que antes possuía, como a fala ou a interação social).
Essas informações são fundamentais para complementar a avaliação clínica e auxiliar no diagnóstico.
3) Aplicação de testes específicos
Para tornar a análise mais precisa, os especialistas podem utilizar instrumentos padronizados que ajudam a identificar sinais do TEA. Entre os principais, destacam-se:
M-CHAT (Checklist Modificado para Autismo em Crianças Pequenas): Questionário aplicado aos pais para avaliar o risco de TEA em crianças de 16 a 30 meses. Ele verifica aspectos como contato visual, resposta ao nome e interesse social.
ADOS (Escala de Observação para Diagnóstico de Autismo): Considerado um dos métodos mais precisos, envolve atividades estruturadas para avaliar habilidades sociais, comunicação e comportamentos repetitivos.
Outros testes também podem ser utilizados, dependendo da idade da criança e das características observadas.
4) Diagnóstico diferencial e exames complementares
O TEA pode apresentar características semelhantes a outras condições, como transtornos de linguagem, déficits cognitivos ou até mesmo problemas auditivos. Por isso, em alguns casos, os profissionais solicitam exames adicionais para descartar outras possibilidades. Esses exames podem incluir:
Audiometria: Para verificar se a criança tem perda auditiva, que pode impactar a comunicação e a interação social.
Exames genéticos: Em alguns casos, para investigar condições associadas, como a Síndrome do X Frágil.
Ressonância magnética ou eletroencefalograma: Se houver suspeita de alterações neurológicas ou epilepsia.
Vale ressaltar que esses exames não diagnosticam o autismo, mas podem ser úteis para descartar outras condições.
A importância do diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce é essencial para que as intervenções sejam iniciadas o quanto antes. Quanto mais cedo a criança recebe apoio especializado, maiores são as chances de desenvolver suas habilidades sociais, comunicativas e adaptativas.
Os primeiros sinais de TEA podem aparecer antes dos 2 anos de idade, mas o diagnóstico pode ser feito até mesmo depois desse período. O mais importante é que os pais e cuidadores fiquem atentos a qualquer comportamento diferente e busquem ajuda especializada caso tenham dúvidas.
Se houver suspeita de autismo, procurar um profissional capacitado é o primeiro passo para garantir que a criança receba o suporte necessário para seu desenvolvimento e bem-estar.